domingo, 22 de março de 2015

Casos de Família - Tema de hoje: Sou brasileiro, mas não leio livros nacionais

                Esse post começou com o intuito de ser minha segunda resenha aqui no blog. Eu tinha escolhido falar sobre um livro nacional recente escrito por Raphael Montes, mas acabou se tornando uma reflexão sobre a relação que temos com a literatura nacional (bem... pelo menos a minha). Sei que esse é um ponto sensível, mas acho importante expor meu ponto de vista na tentativa de chamar a atenção não só de quem vai ler, mas também servir como uma auto-crítica. Então, aqui vai...
                Não sei como é a relação de vocês com os livros nacionais, mas acredito que muitos (alguns...alguém...talvez?) vão concordar comigo quando digo que a literatura nacional se limita durante muitos anos de nossas vidas como os “livros clássicos e chatos que temos que ler” (se você nunca falou isso, com certeza ouviu alguém fazer esse discurso) ao longo da nossa formação escolar.
Somos obrigados a ler escritores como Machado de Assis (sou machadiana de coração), Gonçalves Dias, Drummond e outros; todos ótimos escritores e responsáveis pelo desenvolvimento literário de suas épocas, além de terem feito incríveis críticas sociais que até hoje conseguem provocar discussões acaloradas. Mas precisamos concordar que apesar de tudo isso, é quase impossível discordar da inadequação desses livros para despertar do interesse de (pré) adolescentes pela literatura tupiniquim. Não estou me referindo apenas a linguagem usada pelos escritores, conteúdo ou tema, me refiro também ao fato de nessa idade termos grande aversão por tudo o que nos é imposto a fazer.
Nossos professores nos fazem ler esses livros com o único intuito de cobrar na prova sem muitas vezes se importar em contextualizar o período histórico do livro, sem nos apresentar uma breve biografia do autor. Apenas lemos o livro (ou pelo menos tentamos) e somos obrigados a gravar certos episódios para quando nos perguntarem sobre “ A” não respondermos “Z”. Não temos espaço para falar de nossas experiências durante a leitura nem expor nossas opiniões, apenas repetimos o que o professor falou em sala de aula e o que ele nos passou como gabarito da revisão feita antes da prova. Só um último detalhe para fechar esse parágrafo: NÃO estou culpando os professores aqui, estou culpando o sistema educacional que exige deles nos apresentarem uma quantidade absurda de matéria em pouco tempo.
Por todos esses motivos, somos rapidamente jogados nos braços da literatura internacional, principalmente quando pensamos que as editoras nos bombardeiam a cada dia com essa literatura, fazendo propagandas “pesadas”, já que são mais vendáveis. Ainda não consigo entender essa preferência do brasileiro por tudo o que é estrangeiro! Não estou pregando aqui uma aversão ao que vem de fora, estou apenas chamando a atenção para algo que vejo e sofro na própria pele, e sim, em muitos momentos prefiro o que vem de fora ao que é brasileiro, mas aos poucos estou buscando o equilíbrio.  Enquanto isso, os livros nacionais tem pouco espaço em nossas estantes e também são poucos os que recebem tanta divulgação quanto os internacionais.

                Então, se você chegou até o fim desse texto e se sentiu como eu, tenho uma proposta quase irresistível a fazer aos Bookaholics: Vamos incluir alguns livros nacionais (sejam os clássicos ou os atuais) em nossas listas de leitura?