sábado, 6 de junho de 2015

Emma, nossa querida heroína imperfeita

·           Título Original: Emma
·      Título no Brasil: Emma
·      Autor: Jane Austen
·     Editora: Saraiva de Bolso
·     Tradução: Ivo Barroso
·     Número de págs: 496


Quando fiquei designada para escrever sobre Emma para o blog, por ocasião dos festejos do Bicentenário da Obra, comemorado no biênio 2015/2016, percebi que uma releitura, adiada há algum tempo, seria inevitável. Li o livro pela primeira vez em 2011, e planejava reler desde 2013, quando comecei a assistir a websérie Emma Approved. 

Você que está lendo esse texto deve estar imaginando que eu não gosto do livro. O problema não é esse. Emma é uma das histórias mais interessantes construídas pela Jane Austen, por representar seu auge como escritora, e possui as versões modernas mais legais. Porém, a trama demora a me envolver.


Sinopse: Bonita, inteligente, rica — e solteira —, “Emma” é mimada por seu pai, adorada pela sociedade e amada pelos seus amigos e, por isso, não quer e acredita que não precisa de envolvimentos amorosos ou casamento. Porém, uma das coisas que mais gosta de fazer é tentar resolver a vida romântica de outros. Mas quando ignora os avisos de seu bom amigo Mr. Knightley e tenta arranjar um companheiro apropriado para sua protegida Harriet Smith, faz planos que têm consequências inesperadas. Com sua heroína imperfeita, mas charmosa, “Emma” é muitas vezes citado como a melhor obra de Jane Austen. O livro foi publicado em dezembro de 1815, porém a data na capa é 1816, por isso a comemoração do Bicentenário durará dois anos.

O legal de uma releitura é que, o conhecimento prévio dos fatos permite nossa atenção esteja voltada a outras coisas, como os recursos narrativos e de linguagem, como o discurso livre indireto, utilizados pela autora, e a percepção dos reais sentimentos dos personagens ao longo da história, como todas as alusões que Frank Churchill faz de uma possível ligação amorosa entre Jane Fairfax e o Mr. Dixon na verdade dizer respeito a seu compromisso com a dama em questão.

Emma tem um grande número de personagens. Alguns deles cumprem a cota essencial em uma comédia de costumes, caracterizada pela sátira social, sempre presente nas obras da Jane, como o Mr. Woodhouse, com sua preocupação excessiva com a saúde de todos e aversão a mudanças; Miss Bates, a solteirona prolixa, de quem todos gostam; e a Mrs. Elton, que na pretensão de parecer muito elegante, só consegue ser vulgar e muito irritante. Porém, os personagens mais interessantes são os principais.

Emma Woodhouse é uma heroína imperfeita. Já escrevi anteriormente (aqui) que aprendemos com ela a não acharmos que somos as donas da verdade. Apesar de manter as aparências, e ser adequadamente sincera, ela é bem apegada ao status social. Mas é interessante acompanhar ela “quebrando a cara”, como ela estava cega aos verdadeiros sentimentos do Mr. Elton e do Frank Churchill, ou ao fato de ofender alguns personagens por se achar no direito de poder dizer o que quiser; e aprendendo com esses erros. Harriet Smith é a jovem e bela nova amiga de Emma. Não me julguem, eu não gosto da Harriet, ela é influenciável e ingênua demais, e não tenho paciência com gente assim. É notável como a previsão do Mr. Knightley estava certa, de a amizade entre as duas era uma péssima ideia. Jane Fairfax é uma personagem reservada, inteligente, elegante e muito paciente. Gostaria que ela tivesse mais espaço na obra. Emma, por Jane representar um esforço de sua parte quanto a cultivo de uma amizade, perdeu a oportunidade de ter uma grande amiga. 

George Knightley é o melhor personagem do livro. É muito inteligente, perspicaz e sensato. Minhas partes favoritas no livro são os diálogos dele com a Emma. Frank Churchill seria a versão masculina da Emma, não sendo à toa eles se darem tão bem. Mesmo que suas atenções a ela tenham como objetivo esconder seu compromisso com Jane Fairfax, considero a amizade entre os dois sincera. Suas atitudes ao longo da história não o recomendam, mas com charme e bom humor conquista todo mundo.

As versões mais importantes são:



Emma, filme de 1996, com Gwyneth Paltrow e Jeremy Northam.

Emma, filme para TV de 1996, com Kate Beckinsale e Mark Strong.

Emma, série para TV de 2009, com Romola Garai e Jonny Lee Miller.

Clueless, filme de 1995, com Alicia Silvertone (Cher) e Paul Rudd (Josh). Conhecida no Brasil como As Patricinhas de Bervely Hills.

Aisha, filme indiano de 2010, com Sonan Kapoor (Aisha) e Abhay Deol (Arjun).


Emma Approved, websérie de 2013-2014, com Joanna Sotomura e Brent Bailey (Alex Knightley).