quarta-feira, 2 de março de 2016

Pode um casamento de aparências se tornar real?

Título no Brasil: Casamento de Conveniência
Título Original: The Convenient MarriageAutora: Georgette HeyerTradução:
Editora: Grupo Editorial RecordPáginas: 336

Georgette Heyer é considerada a grande dama do romance histórico britânico. Nascida em 1902, ela foi uma mulher singular para sua época. Tornou-se autora de best sellers ainda muito jovem - aos 19 anos, em seu primeiro livro publicado. Sempre alheia a publicidade, manteve sua vida particular preservada e nunca deu uma entrevista sequer. Apenas respondia às cartas dos fãs que levantavam questões históricas que considerasse relevantes. Experimentou escrever sob um pseudônimo - Stella Martin - em seu terceiro livro, alcançando definitivamente o hall dos grandes escritores. Pioneira em seu gênero literário, mulher da qual diziam ter “uma cabeça masculina”, suas obras retratam com precisão histórica os costumes ingleses, em fragmentos genuínos sobre moda, hábitos, linguagem, convenções sociais, e sempre trazendo um tom de sarcasmo e humor.

Sinopse: Ambientado em 1776, Casamento de conveniência foi publicado pela primeira vez em 1934. Numa revolução literária para a época, o casamento não é visto como o final feliz para a história, mas como seu ponto de partida, o mote a partir do qual a trama se desenvolve.

Quando o conde de Rule pede a mão de Elizabeth Winwood, não sabe o problema que causará à bela jovem. Ela está comprometida com o admirável mas pobre tenente Heron. O final infeliz para essa história só pode ser impedido pela impetuosidade da irmã mais nova de Elizabeth, Horatia, que se oferece para se casar com lorde Rule. (Site da editora)


Como eu costumo dizer: os romances de época me perseguem. Mal tinha entrado na biblioteca mês passado e esse livro surgiu na minha frente. Não resisti. A leitura foi uma surpresa, uma vez que há muitas diferenças em relação aos romances de época que conhecemos atualmente. A protagonista, Horatia Winwood, é bem jovem, pouco atraente e gaga. Porém possui uma personalidade marcante, afinal, é ela quem pede Conde de Rule em casamento. Esse, por sua vez, esconde por trás da aparência indolente, a mente perspicaz. As bodas são celebradas com o objetivo de satisfazer as necessidades do Conde, que precisa de um herdeiro, e dos Winwood, endividados devido as extravagâncias do irmão de Horry, o atual Visconde. Como o título indica, um casamento de conveniência, à moda francesa, onde os cônjuges acordam não interferir na vida privada um do outro.

Narrado em terceira pessoa, a história não se limita em contar a dinâmica dos recém casados, ao mostrar os pensamentos e ações dos principais interessados no futuro desse relacionamento. Entre os que se dispõe a atrapalhar, temos um primo do Conde, que até então seria seu herdeiro, a amante de Rule, que vê sua posição ameaçada, e um antigo desafeto, que possui como objetivo de vida humilhar o aristocrata. Do outro lado, temos o Visconde de Winwood, um jovem viciado no jogo, endividado, mas que adora a irmã e está disposto a tudo para proteger sua reputação, inclusive se meter em confusões que nos arrancam muitas gargalhadas.
Ambientado no final do século XVIII, durante a Era Georgiana, o livro apresenta uma caracterização de época impecável, desde o vestuário, as atividades de lazer, como os jogos mais populares, as influências francesas sobre a aristocracia inglesa, a linguagem, entre outras. Essa é uma das principais características da autora, já falecida, que em sua obra utiliza-se da ironia para mostrar como o excesso de ociosidade pode ser nocivo, e o vazio que caracterizava muitas das relações naquele período. O livro me deixou curiosa para ler as outras obras da autora.

Georgette Heyer nasceu em 16 de agosto de 1902, em Wimbledon. Quando morreu, aos 71 anos, tinha publicado mais de cinquenta obras, traduzidas para dez idiomas, entre elas 11 histórias de detetive. As tiragens de seus livros variavam entre 60 mil e 120 mil exemplares - num período de recessão mundial em que não se podia recorrer a trens, jornais e correio. Apesar de nunca ter cedido à imprensa, suas obram sobrevivem. (Site da editora)