sábado, 27 de junho de 2015

Quem é o narrador da sua história?





  • Título: O Livro dos Vilões
  • Autor: #Stepsisters - Cecily von Ziegesar; Menina Veneno - Carina Rissi; The Deeper the Thorn - Diana Peterfreund; A Menina e o Lobo - Fábio Yabu
  • Editora Galera Record
  • Tradução: Ryta Vinagre
  • Número de págs: 320

  • Hoje não trago apenas mais uma resenha. Sempre gostei de livros “vazios”, daqueles que não trazem uma análise, mas sim uma história linear fechada, com início, meio e fim. E, por mais bobo que possa parecer, O Livro dos Vilões é exatamente o oposto. Você pode pensar “ah, mas conto de fada é coisa de criança”. Só tenho uma coisa a dizer: Você está errado.


    Sempre consideramos que vilão é coisa de novela ou de história. Mas você já parou pra pensar que na SUA história existe um vilão? Ou mais, já pensou que VOCÊ pode ser o vilão da história de alguém? Cecily von Ziegesar e Carina Rissi trouxeram histórias que mostram que no “mundo real” podem existir  vilões. A velha história da madrasta que não suporta a enteada pode parecer boba, mas existe, possivelmente você encontra uma no seu bairro, na sua rua talvez. Já Diana Peterfreud mostra que dentro de cada um de nós existe um vilão em potencial, e ele se mostra quando nos decepcionam. Alguns chamam de “vingança”, Diana chama de “lado vilão”. E Fábio Yabu cria uma história espetacular a partir da fábula da Chapeuzinho Vermelho. E foi essa história que me fez chegar a seguinte pergunta: Quem narra a sua história?


    As narrativas do Livro dos Vilões são feitas a partir dos personagens considerados vilões das histórias tradicionais, respectivamente as irmãs da Cinderela, a madrasta da Branca de Neve, Malévola (bruxa da Bela Adormecida) e o Lobo Mau. É interessante imaginar como seria o outro lado das histórias que nossos pais contavam pra gente dormir. E sempre nos imaginávamos na pele dos heróis, príncipes, heroínas e princesas dessas histórias. Mas nunca ninguém se imaginou na pele dos malvados, dos vilões. Mas nossas escolhas no nosso dia a dia estão nos levando por qual caminho?
    Os quatro autores aqui citados demonstraram uma criatividade indubitável na hora de criar esses contos (confesso que imaginar uma “vingancinha” da Gata Borralheira me deu um certo orgulho da mocinha). Todos trazem uma pequena reflexão para cada um de nós: “Ate onde vai a inocência de alguém?”, “Ate onde iríamos pelo sucesso, pelo dinheiro, pela “normalidade”?”, “Será que vale a pena mentir para ser aceito?”, “Porque somos o que somos? Seríamos diferentes se tivéssemos escolha? Temos essa escolha?”. Toda história possui vários lados, vários ângulos, vários pontos de vista.
    Não estou questionando aqui a origem dos contos de fada, nem se estão certos ou errados. São histórias inventadas a partir de uma vertente, e qualquer ser racional e criativo pode inventar histórias a partir da mesma vertente. Apenas inverto os papéis, tornando você, leitor, no personagem. Quem é você na história em que você vive? Você é o narrador da sua história, ou existe um narrador que não você, te tornando apenas mais um personagem controlado pela narração? Afinal, por que o Lobo Mau é mau? Por que a rainha má é má? Por que o príncipe encantado é encantado? Consegue entender onde quero chegar?
    Os seres dos contos são o que são. São seres inanimados, inventados por alguém, e eles são o que esse alguém diz que eles são. Mas você não é assim. Você é racional, criativo, capaz de fazer escolhas e responder por suas consequências. Não podemos deixar que narrem nossa história, que definam quem somos, que nos obriguem a seguir um roteiro. Ao nascermos – sim, nascemos, não ‘fomos inventados’ – recebemos um presente chamado Livre Arbítrio, que é como se fosse uma caneta, com a qual escreveremos nossa história. Quando nos tornamos adultos, essa “caneta” é deixada exclusivamente em nossas mãos. E o que temos feito? Colocado nas mãos de outras pessoas para que escrevam nossa história? Ou temos sido nossos próprios narradores, escrevendo, vivendo?

    O Livro dos Vilões me trouxe essas questões, e, caro leitor, a uma conclusão cheguei: Ninguém nasce mocinho ou vilão. Todos temos o potencial dentro de nós, para o bem e para o mal, e os usamos alternadamente, o que nos torna vilões em alguns casos, mocinhos em outros. Não significa que vamos envenenar alguém  à certa altura, nem que seremos envenenados, mas em coisas pequenas: praticar bullying ou defender uma vítima? Devolver uma carteira perdida ou ficar com o dinheiro? Rir e filmar alguém que caiu na lama ou ajudar? Quem decide se você é vilão ou mocinho é você. Você é o narrador da sua própria história. Escreva!


    quarta-feira, 24 de junho de 2015

    Clube do Livro - Amélie Poulain, 2001

    No último dia 21 de junho de 2015, o nosso Clube do Livro discutiu a obra cinematográfica O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. E os resultados foram mais do que satisfatórios, tendo opiniões praticamente unânimes entre nós.
    SINOPSE: Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Audrey Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.

    É bem verdade que a maioria de nós foi/é influenciada por Hollywood e suas obras. Foi um impacto nos depararmos com uma produção francesa. A fotografia, os cenários, as falas, o ritmo do filme, causaram certo estranhamento, mas bastou dar uma chance - de mente e peito abertos - para que Amélie nos conquistasse.
    Inicialmente, descobrimos um certo preconceito pelo desconhecido, o que não foi diferente com um filme francês. Algumas de nós já havia tentado assistir antes, e não gostou, achou chato e abandonou. Mas a segunda vez foi mais proveitosa.
    A personalidade da personagem principal também foi bastante citada. Muitas de nós se identificou com a timidez e os medos que Amélie demonstra. Vimos o quão fácil a personagem de identifica e resolve os problemas dos amigos, o quão criativa ela é - desde criança - em suas peripécias, e como ela é sonhadora. Mas o que mais gostamos foi das "vingancinhas" que ela inventa. Acompanhar o futebol pelo rádio e cortar o sinal da TV do vizinho na hora do gol? Trocar a pasta de dentes do outro vizinho por pomada para os pés? Alterar os números da discagem rápida do telefone dele? Causar um curto circuito no abajur? Ou - essa é épica - mudar a hora do relógio e do despertador? Foram as melhores cenas do filme. Como não pensamos nisso antes? Incrível!
    Outra cena que nos chamou a atenção foi a que ela imagina toda uma história enquanto lava a louça. Todas nós nos identificamos muito com essa cena - algumas até falando sozinhas, criando roteiros e diálogos [Se algum psiquiatra estiver lendo esse texto, favor, mande-nos um Email]. A imaginação de Amélie é intensa, voa com facilidade. E ela é esperta. Os meios que ela arruma de conhecer seu parceiro final, Dominique, de se mostrar a ele, ou de mostrar algo que ele deveria/gostaria de ver, não são nada usuais ou tradicionais, mas funcionaram. E mais do que isso, nos trouxeram um delicioso final feliz!

    Bem, esse foi o resultado do nosso debate do mês de junho. E aguardem, pois nesse mês de férias (julho) vamos ler em dobro!

    • Título Original: Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain
    • Título no Brasil: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
    • Direção: Jean-Pierre Jeunet
    • Lançamento: 2001/2002
    • Duração: 122 min

    sábado, 20 de junho de 2015

    Clube do Livro - Lady Susan, Jane Austen

    Kate Beckinsale como Lady Susan
    Sinopse: Lady Susan, uma obra epistolar curta, porém completa, conta a história de uma viúva sedutora e manipuladora de, aproximadamente, trinta e cinco anos de idade. Sua conduta é, aparentemente, irrepreensível, como se esperaria de uma perfeita dama. Dotada de grande beleza, com modos encantadores e supostamente sensíveis, ela consegue desarmar até mesmo aqueles que estão familiarizados com boatos sobre sua má reputação. A relação com a filha, Frederica, uma jovem tímida e submissa, parece ser destituída de qualquer afeição, pois a mãe a trata como mais uma peça em seu jogo maquiavélico, planejando casá-la contra a própria vontade. O livro é um convite ao interior da mente de uma mulher astuta e maliciosa, habituada a brincar com os sentimentos alheios sem nenhuma pitada de remorso. 


    Nesse mês de junho discutimos no Clube do Livro Lady Susan, romance epistolar escrito pela Jane Austen no final da sua adolescência, segundo estimativas de estudiosos. É uma obra única em meio aos textos produzidos pela autora, uma vez que a personagem principal é uma mulher madura que utiliza de charme e inteligência para conseguir o que quer.

    Nosso primeiro estranhamento foi quanto ao formato. Por ser um romance epistolar, muitas ficaram confusas quanto aos personagens e ao desenrolar do enredo. Se por um lado o formato epistolar proporciona que conheçamos melhor cada personagem, por outro a uma perda quanto à ausência de diálogos e descrição do espaço. A personagem principal, Lady Susan despertou certa polêmica, uma vez que, apesar de inteligente e carismática, ela também é arrogante, manipuladora e maquiavélica, sempre tentando levar vantagem. Concordamos quanto a dois pontos: 1- ficamos com pena da Frederica, filha da personagem principal, uma vez que Lady Susan é uma péssima mãe; 2 – os personagens masculinos são meio frouxos, sendo muito suscetíveis ao charme de da personagem título. No geral, ficamos divididas em achar o texto divertido ou chato. Porém, vale à pena a leitura, uma vez que podemos conhecer melhor a versatilidade, a ironia e a crítica social presente nas obras da Jane Austen, que já se manifestava desde nova.

    Lady Susan está sendo adaptado para as telas, com estreia prevista para 2016. Porém, o nome do filme será “Love and Friendship”, que por sinal é o título de outro texto da Jane Austen escrito na juventude. A personagem principal será interpretada por Kate Beckinsale, que já interpretou a Emma em um filme para TV de 1996. Morfydd Clark será Frederica. A atriz também interpretará Georgina em “Orgulho and Preconceito and Zombies”. Já Xavier Samuel, da série Crepúsculo, será Reginald de Courcy, alvo de interesse de mãe e filha. Estamos curiosas quanto à construção do roteiro.

    Kate Beckinsale, Xavier Samuel e Morfydd Clark



    Para ler a obra em português:

    Pedra Azul (edição ilustrada), Landmark (edição bilíngue), Zahar (junto com Persusão e Jack & Alice)

    quarta-feira, 17 de junho de 2015

    O rei que não conseguia se expressar

    Rei George VI e a rainha consorte, Elizabeth.
    O filme O Discurso do Rei, de 2010, conta a história do Rei George VI que assume o trono britânico quando o reino está prestes a declarar guerra à Alemanha Nazista. George VI, representado por Colin Firth (Eterno Mr. Darcy ♥), era gago e tinha sérios problemas para se comunicar, mesmo com sua família. Por isso, sua esposa (Helena Boham Carter) procura um terapeuta alternativo para tentar curar o transtorno.
    Antes mesmo de saber que um dia assumiria a coroa, já que era o 2º na linha de sucessão ao trono, George sofria com diversos tratamentos que nos dias de hoje são considerados absurdos. O uso do cigarro nos tratamentos como “relaxante para as pregas vocais” foi algo que me deixou passada. O insucesso dessas técnicas o frustrava cada vez mais e o fazia acreditar que nunca conseguiria falar direito.
    Mesmo com o pessimismo do monarca, a sua esposa nunca desistiu de ajudar. Com todo carinho e paciência, a rainha consorte sempre procurava novos especialistas e tentava fazer com que ele acreditasse em seu potencial. Foi assim que ela encontrou um ator que ajudava pessoas com problemas de dicção. 
    O terapeuta Lionel Logue
    Na primeira sessão com o novo terapeuta Lionel Logue (Geofrey Rush), o rei consegue ler um trecho de Hamlet quando escuta música em um volume em que não ouve a própria voz. Ele desiste algumas vezes das sessões, mas os métodos “estranhos” de Lionel surtem efeito e ele sempre acaba voltando. Lionel tinha certeza de que poderia curar o rei e acreditava que o primeiro passo para isso era conhecê-lo intimamente e tratá-lo com igualdade. Acha que ele tratava George como Alteza Real/Majestade? Nada! Por mais que não gostasse, o rei só era chamado de Bertie (apelido de Albert, seu nome de batismo).
    As cenas entre o rei e o terapeuta tomam boa parte do filme e são sempre incríveis. Engraçadas ou dramáticas, elas sempre geram alguma emoção, mas sem perder a leveza. O filme seguiu uma linha fácil de acompanhar e sem criar situações forçadas. Juro que me vi representada quando o então príncipe tenta fazer seu primeiro discurso em um auditório com transmissão radiofônica e não fala absolutamente nada. Fiz exatamente a mesma coisa nas aulas de Introdução ao Rádio e a TV na faculdade.  Simplesmente travei. E quando conseguia falar, não saia nada que preste. Ao contrário de George, não sou gaga, mas falar em publico não é fácil pra mim também, muito menos se isso for gravado de alguma forma.
    Algo que achei errado na história foi deixar subentendido que o problema de gagueira de George está ligado a falta de confiança, timidez e ao complexo de inferioridade que ele adquiriu na infância. Mesmo não tendo focado nisso, acho errado relacionar a gagueira a fatores psicológicos. Especialistas já provaram que esses fatores não podem causar o problema, embora possam agravá-lo. Muitas vezes, o gago é inseguro e tímido justamente por não conseguir se comunicar direito, e não o oposto.
    Mas enfim, voltando, durante toda a narrativa, George tenta superar sua gagueira para poder se comunicar com seus súditos através dos seus discursos. Como o principal meio de comunicação da época era o rádio e o rei não conseguia articular as palavras no ar, o reino via seu problema de dicção como fraqueza e falta de confiança, principalmente porque estavam prestes a entrar em guerra. No final do filme, depois de muita ajuda de Lionel, além do apoio de sua mulher, George consegue fazer um belo pronunciamento para todo o Reino Unido anunciando o conflito contra os nazistas e passando ao seu povo segurança e vontade de defender os ideais britânicos. Colin arrasou nessa cena, achei brilhante. 
    • Título Original: The King's Speech
    • Título no Brasil: O Discurso do Rei
    • Direção: Tom Hooper
    • Produção: Iain Canning, Emile Sherman, Garetch Unwin
    • Lançamento: 2010 (EUA) 2011 (BRA)
    • Duração: 118 min

    domingo, 14 de junho de 2015

    Bridget Jones



  • Título Original: Bridget Jones: Mad About the Boy
  • Título no Brasil: Bridget Jones: Louca pelo Garoto
  • Autor: Helen Fielding
  • Editora Companhia das Letras
  • Tradução: Julia Romeu, Ana Ban e Renato Prelorentzou
  • Número de págs: 440


  •           O livro começa com Bridget contando sobre seu relacionamento com um garotão de 30 anos. Sua dúvida no momento é: como fazer para levar Roxter (ou Daniel versão 2013) ao aniversário de 60 anos de uma de suas amigas. Ela adora o sexo, adora a forma como é tratada e continua com as mesmas dúvidas da Bridget de 33 anos, ou seja: as calorias, quanto de bebida consumiu; quanto falhou em sua vida pessoal e profissional etc. Bridget conta como está 5 anos após a morte de Mark Darcy (aquele que gosta da gente do jeito que é a gente é!). Após um rápido vislumbre dessa Bridget 5.1, voltamos um ano em sua vida e passamos a entender como, depois de 4 anos de luto, a protagonista voltou a procurar um sentido - e mais agitação - em sua vida amorosa.

    Afinal, ela perdeu Mark Darcy. Cês sabem... Aquele cara que gosta da gente do jeito que a gente é!
    Eu li e não me arrependo. É uma história triste, um chick-lit dramático, mas que pontua superbem o luto e a recuperação da protagonista.
    Apesar da imaturidade e da falta de senso de Bridget, a escrita é boa, então não me sentiria bem em dizer aqui "não leia! Fuja para as montanhas!", já que eu li e me diverti (nem que tenha sido só um pouquinho).
    Meu conselho: Finja que não é a Bridget, finja que Mark está vivo, finja que é outra história. Ou uma história que acontece num mundo paralelo, não no mundo real dos livros.
    ...

    Por que assassinar Mark Darcy? 

    O protagonista mais perfeito de todos os chick-lits já escritos, aquele cara, que gosta da gente, "do jeito que a gente é". Na boa, quem é louca de matar Darcy e Colin Firth em uma tacada só e deixar aquelas duas crianças tão fofas sem o pai?


    sexta-feira, 12 de junho de 2015

    Especial Dia dos Namorados - Declarações nos livros da Jane Austen

    (com colaboração de Michelle Motta)

    Ah, o Amor!!!

    Nesse Dia dos Namorados, vamos relembrar o momento que os casais principais finalmente se entendem, e como isso foi adaptado para as telas.

    Pront@s para suspirar?

    1 – Em Sense and Sensibility não temos a declaração de fato, que se segue a revelação de o Edward não estava casado com Lucy Steele, como Elinor acreditava.

     “Não é necessário, porém, contar em detalhes com que presteza ele decidiu tomar aquela resolução, quão rápido viu a oportunidade de colocá-la em prática, de que maneira se expressou e como foi recebido. A única coisa importante a dizer é que, quando todos se sentaram à mesa às quatro horas, cerca de três horas depois de sua chegada, ele já havia conseguido a mão de sua amada, o consentimento de Mrs.Dashwood, e não apenas professava o discurso arrebatado do enamorado, como também, na realidade da razão e da verdade, se considerava o mais feliz dos homens. De fato, sua alegria era maior do que o comum. Tinha mais do que o triunfo normal do amor correspondido para fazer transbordar seu coração e elevar seu ânimo.” (Trechos da edição publicada pela Editora Landmark)

    Cena do filme de 1995, com Emma Thompson e Hugh Grant:



    2 – Em Orgulho e Preconceito o nosso foco será na segunda declaração do Mr. Darcy, encorajado pelo comportamento de Lizzie frente à abordagem de Lady Catherine de Bourgh.

    “- A senhorita é demasiado generosa para brincar comigo. Se seus sentimentos ainda forem os mesmos que me revelou em abril, diga-me agora mesmo. Os meus afetos e desejos não mudaram, mas uma palavra sua me silenciará para sempre.” (Trecho da edição da Editora L&PM)

    Cena do filme de 2005, com Keira Knightley e Matthew Macfayden:



    3 – Entre Edmund Betram e Fanny Price o desenrolar não foi muito romântico, afinal, Edmund acabara de sofre um a desilusão, e Fanny ser apaixonada pelo primo desde sempre. Mas uma amizade que se transforma em amor tem o seu valor.

    Faço questão de me abster de datas, ao contar isso. Cada leitor deve ter a liberdade de fixar suas próprias datas, calculando para a cura de paixões infelizes, e a mudança de imutáveis afeições; a duração dessas coisas tem que variar muito, de pessoa para pessoa, de maneira que deixo a cada um a faculdade de pensar que a modificação sobreveio exatamente no tempo em que seria natural que ela se operasse; que Edmund, sem uma semana só de antecedência ao tempo devido, deixou de pensar em Miss Crawford, e começou a ficar tão ansioso de casar com Fanny quanto a própria Fanny o poderia desejar.” (Trecho da edição da Editora José Olympio)

    Cenas do filme de 1999, com Frances O’Connor e Jonny Lee Miller: 



    4 – Em Emma, o Sr. Knightley se declara após perceber que as suas suspeitas de que Emma estaria sofrendo com o anúncio do compromisso entre Jane Fairfax e Frank Curchill se provarem infundadas.

    “- Não sei fazer discursos Emma – ele logo recomeçou, num tom de sincera, inteligível e decida ternura, tanto quanto podia soar convincente. – Se eu a amasse menos, seria capaz de falar mais sobre isso.” (Trecho da edição da editora Saraiva de Bolso)

    Cena do filme de 1996, com Gwyneth Paltrow e Jeremy Northam:



    5 – Em A Abadia de Northager, Henry Tilney vai atrás de Catherine Morland para se desculpar quanto ao comportamento de seu pai, e aproveita a ocasião para se declarar.

    “Os dois não haviam alcançado ainda a propriedade do Sr. Allen, e Henry já se justificara tão bem que, para Catherine, ele poderia repetir a explicação quantas vezes quisesse. O afeto de Henry por Catherine se confirmara; e ele pediu para si um coração que, como talvez ambos soubessem igualmente, já lhe pertencia por inteiro;(...)” (Trecho da edição da Editora L&PM)

    Cena do filme de 2007, com Felicity Jones e J.J. Feild:



    6 -  Em Persuasão, a declaração é em formato de carta, escrita pelo Capitão Wentworth, enquanto escuta Anne Elliot conversar com o Capitão Harville quanto a constância dos sentimentos de homens e mulheres.
    Não posso mais ouvir em silên­cio. Pre­ciso falar com você pelos os meios de que dis­po­nho neste momento. Você fen­deu minha alma. Sou metade ago­nia, metade espe­rança. Não me diga que é tarde demais, que sen­ti­men­tos tão pre­ci­o­sos foram-se para sem­pre. Ofereço-me para você de novo com um cora­ção muito mais seu do que quando você quase o des­pe­da­çou há oito anos e meio atrás.  Não se atreva a dizer que o homem esquece mais rápido do que a mulher, que seu amor morre mais cedo. Eu tenho amado somente você, mais nin­guém. Injusto posso ter sido, fraco e res­sen­tido tam­bém, mas nunca incons­tante. Você, ape­nas você trouxe-me para Bath. Faço pla­nos pen­sando somente em você. Você não ainda per­ce­beu? Terá você falhado em enten­der meus dese­jos? Eu não teria espe­rado nem estes dez dias se tivesse podido ler seus sen­ti­men­tos como eu penso que você pene­trou nos meus. Quase não posso escre­ver. A todo ins­tante ouço alguma coisa que me ator­doa. Você abaixa sua voz, mas eu posso dis­tin­guir seus tons mesmo quando per­di­dos em meio aos outros. Bonís­sima e exce­lente cri­a­tura! Você nos faz jus­tiça, deve­ras. Você crê que há afeto ver­da­deiro e cons­tân­cia entre os homens. Creia “nisto” mais fer­vo­roso e cons­tante em
    F. W.
    Devo par­tir – incerto de minha sorte –, mas vol­ta­rei aqui ou irei para sua festa, assim que pos­sí­vel. Uma pala­vra, um olhar, será o sufi­ci­ente para que eu decida entrar na casa de seu pai esta noite, ou nunca.” (Tradução feita por Raquel Sallaberry Brião, e postada no Blog Jane Austen em Português – clique aqui)

    Cena do filme de 2008, com Sally Hawkins e Rupert Penry-Jones:



    quarta-feira, 10 de junho de 2015

    Inspirada em Jane Austen

    Recentemente soubemos de um evento que acelerou nossos corações e nos arrancou suspiros. Uma página do facebook divulgou detalhes de um casamento com uma inspiração única, e de quebra uma entrevista com a noiva. Devidamente autorizada, vou apresentar tudo pra vocês. Preparem os corações!

    Como seria um casamento inspirado em Jane Austen? Kesia Moniely, de Brasília, DF, casou em março/2015, e bolou o “casamento dos sonhos” de qualquer janeite. Claro que vem várias perguntas à nossa cabeça sobre decoração, vestido, penteado, a reação do noivo... E a página Adaptações de Jane Austen buscou essas respostas com a própria noivinha. Vamos ver o que rolou?!
    Kesia contou que conheceu Jane Austen através de sua pastora, outra janeite, que um dia emprestou um exemplar de Orgulho e Preconceito à Kesia , que detestou de início [como???], achou um saco e abandonou o livro [Hã???]. Quase um ano depois, Kesia resolveu que deveria devolver o livro à sua legítima dona [aprendam!], mas para não passar vergonha, resolveu se forçar a ler, mas dessa vez se apaixonou perdidamente. Com o tempo, foi conhecendo as outras obras e suas adaptações, e, é claro, se apaixonando mais e mais [e mais, e mais, e mais... e mais]!
    Desde nova, ou o mais nova a partir do momento em que começou a pensar em seu próprio casamento, Kesia sempre imaginou algo intimista e pessoal, que passasse sua própria identidade e personalidade. Nunca foi dada a grandes arranjos, ou intempéries da moda, mas não pensou imediatamente no tema “Jane Austen”. Apenas depois do noivado, quando começou a planejar seu casamento efetivamente, é que percebeu que todos aqueles elementos singelos e simples que buscava se encaixavam perfeitamente nesta temática. E então, tudo se encaixou.
    Mas e o noivo? Onde entra nessa história? Bem, o noivo, Raphael, também queria um casamento original, e quando Kesia começou a falar para ele sobre os detalhes que ela estava pensando, logo ele identificou os traços de Jane Austen, e boina, suspensório e gravata borboleta entrava nessa definição. Inclusive, essa escolha foi dele [vejam noivinhas, deixem seus noivos participarem desse momento de decisões, pode não ser um completo desastre!]. Enfim, ele adorou, achou tudo lindo, e ate se emocionou, segundo fontes!
    O noivo se inspirou no look do personagem de The Lizzie Bennet Diares.

    Falemos agora das inspirações da noiva, e os resultados.
    A escolha da palheta de cores – marrom e champanhe - reflete muito no estilo da época. Essa cores foram utilizadas na maquete do bolo, e em cima foram colocados pássaros como noivinhos. O penteado foi inspirado na cena do baile de Netherfield (filme Orgulho e Preconceito 2005). O vestido off White remeteu ao vintage, porém o corte foi mais moderno. A decoração foi simples para dar um ar interiorano, Romances de Jane Austen, jogos de xícaras, porta retratos e detalhes amadeirados deram um clima de “chá das cinco”. E por fim, os convites, em envelopes de papel pardo, remetendo às cartas trocadas no século XIX. Ah, claro, os padrinhos estavam todos de suspensório e gravata borboleta [como não morrer de amores?]

    O mais interessante é que Kesia fez tudo SOZINHA! Veja, quando digo ‘sozinha’ significa que não teve ajuda profissional, mas sempre existe aquela amiga sensacional que sonha e trabalha junto pra tornar tudo real, e assim foi. A noiva chegou a procurar ajuda profissional no início, mas acabou percebendo que sem isso, além da economia, ela conseguiria fazer exatamente como ela sonhou, sem interferências ou opiniões de quem nem sequer a conhecia. E isso ficou claro na reação dos convidados. Nem todos sabiam que era exatamente inspirado em Jane Austen, mas eram unânimes em dizer que havia inspiração literária ali.
    Como não suspirar? Para finalizar, deixo uma mensagem da própria noiva para toda janeite:

    “Eu deixo uma frase da Jane que eu amo que é "Muitas vezes perdemos a possibilidade de felicidade de tanto nos prepararmos para recebê-la. Porque então não agarrá-la toda de uma vez?” Eu acredito que temos que sonhar sim, sonhar alto, e perseguir esses sonhos. Muitas vezes lemos Jane Austen e pensamos "Nunca vou encontrar um homem como Mr. Darcy, ou nunca serei feliz como a Lizzie", mas você encontrará um Darcy e será feliz como a Lizzie. Não porque o amor de homem seja o que te trará felicidade, mas porque você é autêntica, você é linda, inteligente, e não tem medo do mundo, assim como nossa heroína preferida. A Lizzie nunca deixou de ser ela mesma, ainda que muitas vezes era isso que a sociedade queria. Então seja você, e seja feliz por quem você é, e todos os seus sonhos se realizarão, e seu Darcy aparecerá (se esse for o seu desejo é claro, afinal, casamento é consequência).”

    - As notas e opiniões desta autora são de exclusiva responsabilidade desta autora! ;)

    sábado, 6 de junho de 2015

    Emma, nossa querida heroína imperfeita

    ·           Título Original: Emma
    ·      Título no Brasil: Emma
    ·      Autor: Jane Austen
    ·     Editora: Saraiva de Bolso
    ·     Tradução: Ivo Barroso
    ·     Número de págs: 496


    Quando fiquei designada para escrever sobre Emma para o blog, por ocasião dos festejos do Bicentenário da Obra, comemorado no biênio 2015/2016, percebi que uma releitura, adiada há algum tempo, seria inevitável. Li o livro pela primeira vez em 2011, e planejava reler desde 2013, quando comecei a assistir a websérie Emma Approved. 

    Você que está lendo esse texto deve estar imaginando que eu não gosto do livro. O problema não é esse. Emma é uma das histórias mais interessantes construídas pela Jane Austen, por representar seu auge como escritora, e possui as versões modernas mais legais. Porém, a trama demora a me envolver.

    quarta-feira, 3 de junho de 2015

    Mais desastre do que belo...Talvez?




  • Título Original: Walking Disaster
  • Título no Brasil: Belo Desastre
  • Autor: Jamie McGuire
  • Editora Verus
  • Tradução: Ana Death Duarte
  • Número de págs: 392

  • Como vocês já devem ter reparado pelo título da resenha dessa vez não vim trazer um livro que eu tenha gostado (e menos ainda que eu indico). Essa será minha primeira resenha sobre um livro romântico... Meu primeiro posicionamento negativo... E tenho que confessar que estou com medo de não ser respeitosa e acabar "cutucando" os fãs mais ferrenhos  de Belo Desastre... Espero não ser mal interpretada e passar a vocês o que eu (leitora não muito fã do gênero, apesar de ser fã de Jane Austen) achei e experimentei na leitura desse livro. Mais uma vez minha intenção não é desrespeitar nem a autora nem os leitores! Então vamos nessa?

        Sim, eu tentei fazer um trocadilho com o nome do livro e provavelmente fui mal sucedida na brincadeira, mas no momento em que terminei de ler essa foi a sensação que tive e a decepção que senti ao fim dessa jornada.
     
    Sinopse: A nova Abby Abernathy é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão, e tem a quantidade apropriada de cardigãs no guarda-roupa. Abby acredita que seu passado sombrio está bem distante, mas, quando se muda para uma nova cidade com America, sua melhor amiga, para cursar a faculdade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy da universidade. 
    Travis Maddox, com seu abdômen definido e seus braços tatuados, é exatamente o que Abby precisa – e deseja – evitar. Ele passa as noites ganhando dinheiro em um clube da luta e os dias seduzindo as garotas da faculdade. Intrigado com a resistência de Abby ao seu charme, Travis a atrai com uma aposta. Se ele perder, terá que ficar sem sexo por um mês. Se ela perder, deverá morar no apartamento de Travis pelo mesmo período. Qualquer que seja o resultado da aposta, Travis nem imagina que finalmente encontrou uma adversária à altura.  (retirado do site da Livraria Saraiva)

        Como já falei no início da resenha não sou muito fã do gênero romântico e quando resolvo ler um livro que se encaixa nesse grupo não tenho muitas expectativas, mas fico esperando que ele de alguma forma me conquiste, que faça com que eu me "converta", que eu suspire pelas cenas doces e sonhe com o personagem masculino. Mas, mais uma vez isso não aconteceu...
       O livro é de 2011 e tem 392 páginas rápidas, porém não fluidas de ler, a história é rasa, com um romance mais do que previsível, personagens que não te cativam, um "suspense" (sobre a identidade da Abby) que não te prende e, quando revelado, te decepciona, além de muita "tempestade em copo d'água!" Devo admitir que a sinopse e a opinião positiva dos fãs me "pegou" mais do que a estória em si.
       Tentei pensar em pontos positivos do livro para não ser tão megera, mas só consegui pensar nos integrantes da família Maddox (os irmãos e pai de Travis) que, apesar de muito pouco explorada, me fez sorrir de leve e "desfranzir" momentaneamente o cenho.
       Para terminar quero dizer aos que não são grandes leitores de romance que não recomendo esse livro para tentar "entrar" (conhecer) no gênero... Tente os outros livros que já foram resenhados aqui!
       Agora uma notícia que os fãs já devem ter conhecimento e estão pirando: O livro será adaptado para as telonas!
       E o que vocês acharam sobre o livro? Estou doida pra saber a opinião de vocês (tanto dos que gostaram quanto dos que não gostaram)!
    Até a próxima!!