terça-feira, 1 de novembro de 2016

[RESENHA] Entre a Ruína e a Paixão - Sarah MacLean

Sinopse: Uma noiva desaparecida na véspera de seu casamento. Um poderoso duque acusado de assassinato. Uma noite que mudou duas vidas para sempre. Temple viu seu mundo desmoronar quando acordou completamente nu e desmemoriado em uma cama repleta de sangue. Destituído de seu título e acusado de assassinato, o jovem duque foi banido da sociedade. Doze anos depois, recuperado em sua fortuna e seu poder como um dos sócios do cassino mais famoso de Londres, sua redenção surge quando a única pessoa que poderia provar sua inocência ressurge do mundo dos mortos. Após doze anos desaparecida, Mara Lowe se vê obrigada a reaparecer quando seu irmão perde toda a fortuna da família nas mesas do cassino do homem cuja vida ela arruinou. Temple quer provar a todos que é inocente e, sobretudo, se vingar e destruir a vida daquela mulher, enquanto Mara precisa enfrentar o passado para recuperar seu dinheiro. Assim, os dois formam um acordo obsceno que os une em um jogo de poder e sedução. Mas ambos descobrem que a realidade esconde muito mais do que as aparências revelam e eles se veem em uma encruzilhada na qual precisam escolher entre lavar a honra do passado e garantir o futuro ou ceder ao desejo de se entregarem de vez à irresistível atração que sentem um pelo outro, mas que pode arruiná-los para sempre.
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Não posso deixar de, mais uma vez, enaltecer Sarah MacLean por seus personagens tão bem construídos. No entanto, como já falei aqui, o que mais me encanta em seus livros são suas personagens femininas. Nos dois livros anteriores da série, conhecemos Penélope e Phillipa, duas irmãs muito diferentes, porém idênticas no quesito persistência e coragem. Criar mulheres corajosas, persistentes, inteligentes e fortes tem sido o ponto alto de MacLean em seus livros, não apenas nessa série, o que mostra que é uma marca da própria autora. Mulheres que desafiam a sociedade, que têm personalidade própria, força de vontade, são honestas consigo mesmas, e lutam. 

Temple nós já conhecemos nos livros anteriores, no entanto, nos são apresentados detalhes importantes. Willian Harrow é Marquês de Chapin e herdeiro do ducado de Lamont, que teve sua vida inteiramente modificada na noite anterior ao casamento do pai. Temple tinha suas diferenças com o pai - o que parece ser também uma característica em comum da maioria dos personagens masculinos de Sarah - mas estava em casa para o casamento do pai. Ainda não conhecia sua nova madrasta, mas também não se importava, só ficaria para o casamento e depois iria embora. Mas aí conhece Mara, a noiva de seu pai, que num plano maluco de “liberdade” e fuga, acaba o envolvendo, e o tornando suspeito de assassinato, acabando com todas as suas possibilidades de futuro, transformando-o, para a sociedade, no Duque Assassino.

Saindo do lugar comum, onde as mocinhas são ladys sensíveis e recatadas, Mara Lowe nasceu e cresceu em um lar com um pai violento e abusivo, diversos anos mais velho que sua mãe, que não tratava bem aos seus filhos nem a sua mãe. Ao ver esse cenário, Mara teme ter um futuro igual ao da mãe, por isso planeja uma nova vida, independente de marido ou título. Para isso, conta apenas com a ajuda do irmão para seu plano dar certo. E dá. Mas foi mais longe do que ela planejara, mas já não podia voltar atrás.

Anos mais tarde, porém, suas vidas se cruzam novamente. Temple se tornou um dos sócios do maior clube noturno masculino de Londres, recuperando sua fortuna, aumentando-a, e adquirindo poder. O clube tinha muitos associados, entre eles o irmão de Mara, que apostou toda a fortuna da família nas mesas do clube. Por isso, Mara precisa voltar do “mundo dos mortos” e resgatar seu dinheiro. E então a história começa. Temple vê que realmente era inocente das acusações - coisa que ele não tinha certeza, já que bebeu naquela noite e esqueceu tudo o que havia acontecido - e passa a manipular a moça a fim de se vingar e de mostrar para a sociedade quem ele não era. O que nenhum dos dois esperava era que a atração que os uniu uma noite doze anos atrás ainda estivesse tão forte agora.

“Ela era alta e cheia de curvas, exatamente do jeito que ele gostava das mulheres, pois combinava com sua própria altura e seu tamanho[...]. E ela tinha um sorriso que o fazia pensar em inocência e pecado ao mesmo tempo. E os olhos dela… ele nunca tinha visto olhos como aqueles; um era azul como o mar de verão, e o outro era quase verde. Ele passou muito tempo fitando aqueles olhos, fascinado por eles, grandes e convidativos.”

O cliché do livro é o de que “o amor pode romper todas as barreiras”. Entre a Ruína e a Paixão trata de redenção e segundas chances. Ambos, Temple e Mara, precisam se redimir, necessitam do perdão que só um pode conceder ao outro. E esse perdão trará uma segunda chance, tanto para Mara, que se livrará da culpa e poderá recomeçar sua vida, quanto para Temple, que limpará seu nome e ganhará muito mais prestígio. As cenas que nos levam para o final feliz são fluidas, engraçadas, reflexivas, intensas. Cheio de reviravoltas e surpresas, Sarah nos dá uma trama deliciosa, com uma narrativa leve e história fechada. É uma delícia.
Por fim, só posso dizer que amei o livro, super recomendo a série, e que com essa série Sarah MacLean ganhou um espaço entre meus autores favoritos. Não poderia dar menos de 5 estrelas [exceto, talvez, por alguns erros ortográficos e gramaticais, mas coisa de primeira edição]. Por mais cliché que possa parecer, é um livro surpreendente, divertido e encantador. Leiam!

Título Original: No Good Duke Goes Unpunished
Título no Brasil: Entre a Ruína e a Paixão
Série: O Clube dos Canalhas
Autora: Sarah MacLean
Editora: Gutemberg
Tradução: A.C. Reis
Páginas: 304