quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

[RESENHA] Depois Daquela Montanha - Charles Martin

Título Original: The Mountain Between Us
Título no Brasil: Depois Daquela Montanha
Autor: Charles Martin
Editora: Arqueiro
Tradução: Vera Ribeiro
Páginas: 304
Sinopse: O Dr. Ben Payne acordou na neve. Flocos sobre os cílios. Vento cortante na pele. Dor aguda nas costelas toda vez que respirava fundo.
Teve flashes do que havia acontecido. Luzes piscavam no painel do avião. Ele estava conversando com o piloto. O piloto. Ataque cardíaco, sem dúvida.
Mas havia uma mulher também – Ashley, ele se lembra. Encontrou-a. Ombro deslocado. Perna quebrada.
Agora eles estão sozinhos, isolados a quase 3.500 metros de altitude, numa extensa área de floresta coberta por quilômetros de neve. Como sair dali e, ainda mais complicado, como tirar Ashley daquele lugar sem agravar seu estado? À medida que os dias passam, porém, vai ficando claro que, se Ben cuida das feridas físicas de Ashley, é ela quem revigora o coração dele. Cada vez mais um se torna o grande apoio e a maior motivação do outro. E, se há dúvidas de que possam sobreviver, uma certeza eles têm: nada jamais será igual em suas vidas.
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       Acho que essa é a resenha mais difícil que já escrevi. Os últimos acontecimentos noticiados me deixaram um pouco abalada a cerca de acidentes aéreos, então pensei em começar falando mal. Dizendo que leitura é meio parada, enfim, que não me prendeu. Mas não quero começar assim. Pensei em começar abordando os personagens, que são totalmente humanos, com histórias humanas. Mas também achei muito aquém do que li. Então, vou falar do que eu li.

       A síntese do amor mais profundo, foi isso o que eu li. Do amor Homem-Mulher, aquele que surge da paixão e vai fincando raízes cada vez mais profundas, ate onde nada mais alcança. Daquele que apaga qualquer resquício de mágoa, rancor, incredulidade, desesperança. Um amor que eu nunca senti, e nem sei se é pra todos. Um amor que abraça e aquece, que cola todos os cacos. E ah... os cacos.
       Um homem em cacos. Esse é Ben Payne, nosso protagonista. Um homem com uma história dolorida, que o quebrava dia a dia, e que um dia conhece o amor que cola todos os cacos, tornando-o numa peça só. Esse amor o faz ser quem é, molda seu caráter, delineia sua história. Mas um dia esse amor o quebra, e novamente ele se torna um monte de cacos.

       Do mesmo lado dessa montanha temos Ashley, uma mulher que também já sofreu decepções, mas que, como eu, nunca conheceu esse amor. Eles topam um com o outro e são atraídos: ele por seu senso de humor; ela por seu amor.
       Unidos pela fatalidade do acidente e perdidos em meio a um deserto gelado, Ben e Ashley devem vencer suas barreiras, suas montanhas intransponíveis, deixar de olhar o passado e viver um passo após o outro. A montanha se mostra transponível aos poucos, e eles passam a observar que a companhia um do outro é o que os mantém vivos. Os problemas inimagináveis vão sendo resolvidos um a um, e a dependência que criam um do outro se torna maior que tudo. Sozinhos, nenhum dos dois sairia daquela montanha, mas o que há depois dela é o que os motiva a prosseguir.

       No início a leitura não me levou de forma leve. Parecia arrastado, me sentia presa à montanha com eles, onde nada anda, nada acontece. Mas depois, os movimentos dos personagens tornam o livro mais dinâmico. O suspense é sempre presente, e não sabemos o que há depois daquela montanha. Eles podem estar caminhando para a salvação, mas também podem estar indo em direção ao nada. O presente, a situação decadente em que se encontram, se mistura às lembranças do passado de Ben e de seu amor: durante todo o tempo Ben 'conversou' com sua esposa através de um gravador, contando tanto os seus medos presentes quanto suas boas lembranças da história dos dois, na esperança de poder retornar e entregar o gravador e seus pensamentos a ela. Uma história muito atual. Talvez seja por isso que demorei a entrar na história: estou mau acostumada depois de tantos romances de época!

       Pude notar que o autor não delirou ao descrever personagens perfeitos. Ben é um médico relativamente bem sucedido, casado, com 2 filhos, porém se mostra bastante misterioso, com alguns conhecimentos rasos, a outros profundos. Ashley é uma jornalista bem sucedida, noiva às vésperas de seu casamento com um homem bom, mas que tem consciência de que não o ama. O acidente mostra o melhor e o pior lado de ambos, pessoas reais, personalidades reais, problemas reais. Depilação que atrasa, cheiro ruim após vários dias perdidos, dor física depois de um sério acidente, fome 24h por dia, a perda da noção do tempo.

       A história não acaba na montanha. Ambos são levados à história um do outro, às montanhas um do outro, começam a dividir, compartilhar e multiplicar. Voltar é uma incógnita ainda maior do que como voltar. Depois daquela montanha existe mais história, existe um futuro que ninguém conhece, e que deve ser escrito como uma grande caminhada rumo ao desconhecido: um passo de cada vez, olho no presente, cabeça no futuro.

       Este livro mostrou que 'depois daquela montanha' existe Esperança!

Publicado em mais de dez países, Depois daquela montanha chegará às telas de cinema em 2017, com Kate Winslet (de Titanic) e Idris Elba (de Mandela) escalados para os papéis principais de uma história que vai reafirmar sua crença na vida e no poder do amor.