quinta-feira, 23 de março de 2017

[Resenha] A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard

Título original: Red Queen
Título no Brasil: A Rainha Vermelha
Autora: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Número de páginas: 419



Norta. Este é o espaço fictício criado por Victoria para contar a história de Mare Barrow, uma jovem de 17 anos que vive num vilarejo chamado Palafitas. Este lugar é habitado apenas por vermelhos, a cor do seu sangue. É essa cor (do sangue) que define quem você é em Norta: vermelhos – sangue de pessoas comuns, que já nasceram com seu destino traçado: trabalhar para manter a sociedade, ou ir para a guerra. Prateados: sangues de pessoas que já nasceram nobres, todas possuem algum tipo de poder, alguns com menor importância, outros tão poderosos que dirigem seu reino. Vivem no topo da sociedade, comandam os vermelhos, que trabalham para servi-los.

A maioria dos vermelhos não tem consciência de sua situação no reino: apenas trabalham e temem os prateados, que são vistos por muitos como deuses. Mas não Mare. Apesar de não gostar de estudar, e viver dos pequenos furtos que comete diariamente em Palafitas, ela tem consciência de que tudo deveria ser diferente. Como não tem emprego, ao completar 18 anos será enviada para a frente de batalha, assim como seus três irmãos mais velhos já o foram. Mas, longe de se conformar com a situação, Mare pensa em um jeito de escapar do destino tão certo.

Apesar de não sentir remorso algum pelos roubos que pratica, Mare sente vergonha de sua família por viver assim: seus pais não aceitam sua condição, e acham que ela deveria ser como sua irmã mais nova, Gisa. Esta trabalha e mantém a família, já que a mãe sempre foi dona de casa e o pai está paraplégico devido a sua participação na guerra, que já dura mais de um século, travada contra os reinos vizinhos.

O melhor amigo de Mare, Kilorn, trabalha como aprendiz de marinheiro, e, mesmo tendo a mesma idade da amiga, não irá para a guerra por ter seu emprego. Contudo, seu mestre morre, e o rapaz fica desesperado, pois seus 18 anos já estão bem próximos, e isso o levará diretamente para a frente de batalha.

Vendo isso, Mare, que até agora tentava aceitar sua situação, se desespera junto com o amigo, e promete a ele que o livrará de ir para a guerra a qualquer custo. É nessa época que ela conhece Farley, uma mulher tanto misteriosa quanto poderosa, que cobra um valor exorbitante da garota para levar seu amigo e ela até um lugar seguro.

A jovem Barrow quer de todas as maneiras conseguir esse dinheiro, até que tenta roubar Cal, um tipo diferente que ela nunca tinha visto na vila. Só que ele percebe a tentativa de roubo, e pega Mare pelo braço. Quando ela acha que está perdida pelo seu ato, é surpreendida com a ajuda do rapaz. Além de lhe dar uma moeda de alto valor (que já daria para comprar a liberdade de Kilorn), no dia seguinte ela é chamada ao palácio: Cal arranjou um emprego para ela.



Tudo é novo, Mare está perdida num mundo estranho, tentando se adaptar à vida de criada (no mundo prateado, só há lugar para vermelhos como serviçais). No dia de sua estreia no palácio, várias jovens prateadas estão apresentando seus poderes, pois uma será a futura rainha: a escolhida do príncipe, nada menos que Cal.

O quanto a jovem Barrow ficou surpreendida por perceber que tentou assaltar o próprio príncipe, é algo imaginável. O inimaginável é o que vem a seguir: estando em perigo por ir parar inesperadamente no meio da apresentação das poderosas prateadas, Mare se defende e... surpreendentemente, algo inexplicável acontece, ela descobre que tem poderes.

Até então, poderes era coisa dos prateados. Nenhum vermelho na história havia apresentado algo semelhante. E este fato a põe numa situação inusitada: a bela e temível rainha Elara diz diante de todos que Mare possui sangue prateado de uma antiga casa já extinta... e todos acreditam.

A história se desenrola a partir daí, pois para proteger a si e à família, Mare tem de mentir a todos, aceitando a oferta da rainha. Ela entra num jogo perigoso, onde prateados das mais diversas casas (cada uma com um poder diferente) estão de olho nela. E ela não pode falhar. Dividida entre Cal, sempre muito justo, e seu aparentemente carinhosos e compreensivo irmão Maven, Mare viverá os mais diversos sentimentos: ter de se dividir entre a mentira de ser uma prateada e a busca pela justiça, pois não consegue aceitar a situação da sua família e de todos os vermelhos: uma pobreza que favorece apenas prateados.

Durante sua trajetória, Mare experimenta, além de grandes aventuras, um processo de amadurecimento pessoal e reconhecimento de novas verdades: aos poucos vai percebendo que ela não detém a verdade absoluta dos fatos.

A narrativa criada pela autora é bem envolvente, a própria Mare narra sua história, e o faz de maneira brilhante, nos prendendo a cada capítulo. Tanto o enredo quanto a narrativa são de tirar o fôlego, o tipo de história que queremos ler mais e mais até chegar o final.

Como faz parte de uma série, A Rainha Vermelha não tem uma história fechada, com um final definitivo. Este é o primeiro de uma série de quatro livros, além de um de contos e duas histórias digitais. Ao terminar o livro é impossível não pensar no próximo, em como Mare Barrow vai continuar a usar seus poderes: em favor próprio ou de todos os vermelhos?

A leitura vale muito a pena, fiquei bem surpresa com a história, tanto pelo enredo que é bem interessante, quanto pelo modo como a narrativa prende e surpreende. A autora, fã declarada de As Crônicas de Gelo e Fogo, está ganhando uma legião de fãs ao redor do mundo, e estes aguardam ansiosos o lançamento do último livro da série, que só sairá em 2018. Ah, o terceiro livro da série, A Prisão do Rei, foi lançado no Brasil dia 6 de março deste ano, e claro, já iniciei sua leitura. Agora é aguardar as próximas resenhas da série aqui no blog.



Série A Rainha Vermelha: 

Vol. 1: A Rainha Vermelha
Vol. 2: A Espada de Vidro
Vol 3: A Prisão do Rei
Extra: Coroa Cruel

Contos digitais
Canção da Rainha
Cicatrizes de Aço